Olá, pessoal.
Todos nós sabemos que alterações do segmento ST e onda T na vigência de dor torácica devem ser valorizadas pelo risco de doença arterial coronariana subjacente.
O que todos nós também devemos saber é que, em 1982, Zwaan, Wellens e colegas descreveram critérios que indicavam estenose crítica da artéria descendente anterior (ADA), algo como um estágio de pré-infarto agudo do miocárdio que frequentemente evolui para um devastador IAM anterior. Por isso, tal lesão deve ser abordada com estratégia invasiva o mais precocemente possível.
A Síndrome de Wellens é a entidade que correlaciona esses critérios com a história prévia de dor torácica. Os critérios eletrocardiográficos são:
- Ondas T bifásicas ou simétricas e invertidas em V2 e V3, ocasionalmente em V1, V4, V5 e V6.
- Ausência de ondas Q patológicas.
- Progressão normal das onda R no plano horizontal.
- Pequeno ou ausência de supradesnivelamento do segmento ST.
- Pequena ou nenhuma alteração de marcadores de necrose miocárdica.
Figura 1: Exemplo de alteração de onda T e segmento ST, em paciente com queixa de dor torácica, que pode estar relacionada a Síndrome de Wellens.
Podemos classificar a Síndrome de Wellens em dois tipos:
- Tipo A: bifásica, com porção inicial positiva e terminal negativa. Ocorre em 25% dos casos.
- Tipo B: onda T com inversão profunda e simétrica. Presente em 75% dos casos.
Veja com detalhes nas figuras abaixo:
Figura 2: Padrão tipo A da Síndrome de Wellens.
Figura 3: Padrão Tipo B da Síndrome de Wellens.
O padrão da Síndrome de Wellens é relativamente comum em pacientes que se apresentam com quadro sugestivo de angina instável, podendo chegar a 14-18% dos pacientes desse grupo que são admitidos para tratamento intra-hospitalar.
O tempo médio estimado para a progressão de angina ao IAM anterior é de 8,5 dias, desde o início da Síndrome de Wellens.
Sabendo que morbi-mortalidade desse tipo de IAM é altíssima, é extremamente importante reconhecer esse padrão e proceder com o tratamento precocemente. Fiquem atentos à correlação clínico-eletrocardiográfica toda vez que se depararem com esses dois tipos de traçado.
Até a próxima, pessoal.
Referências:
1- de Zwaan C, Bär FW, Wellens HJ. Characteristic electrocardiographic pattern indicating a critical stenosis high in left anterior descending coronary artery in patients admitted because of impending myocardial infarction. Am Heart J. 1982;103(4 Pt 2):730-6.
2- Rev Bras Cardiol. 2010;23(6):365-368 novembro/dezembro
3- hqmeded-ecg.blogspot.com.br/2013_03_01_archive
Respostas de 2
Ótimo.
Prezado Nilton,
Ficamos muito gratos por ter gostado de nosso conteúdo! Agradecemos pela sua participação.