Você sabe identificar a repolarização precoce?

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Hoje, vamos falar sobre um tema que é uma das vedetes da eletrocardiologia no momento: a repolarização precoce. Quem nunca ouviu falar dela?

A repolarização precoce (RP) é definida como uma elevação côncava do segmento ST, acompanhada de alteração morfológica na porção final do complexo QRS e onda T simétrica e ampla, de mesma polaridade do QRS. É considerada um padrão variante do normal e ocorre em paciente sem cardiopatia estrutural. No entanto, novos estudos levantam evidência de que este padrão pode estar relacionado a arritmias ventriculares e morte súbita. Quando ocorrem essas manifestações associadas às alterações eletrocardiográficas, definimos o quadro como síndrome da repolarização precoce.

A RP está presente em até 5% da população geral, sendo mais comum em homens e pacientes com idade inferior a 50 anos. A questão que traz grande confusão no nosso dia a dia é que até 13% dos pacientes que se apresentam com dor torácica no PS possuem esse padrão. A necessidade de diferenciação eletrocardiográfica é fundamental pois, o estabelecimento equivocado do diagnóstico de síndrome coronariana com supra do segmento ST (SCACSST) pode gerar graves complicações decorrentes do tratamento desnecessário. Para saber mais sobre como avaliar o eletrocardiograma na dor torácica, clique aqui.

E como determinar corretamente essa alteração no ECG?

  • A elevação do segmento ST é do tipo côncava, comumente reconhecida entre alguns pares como segmento ST “sorridente” ou “feliz”.
  • É frequente observado nas derivações precordiais médias e laterais. Ocasionalmente podem estar presentes nas derivações inferiores.
  • Sua amplitude é usualmente inferior a 2 mm.

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Figura 1: Exemplo de elevação côncava do segmento ST. O destaque em vermelho para o formato em “sorriso” ou “feliz”.

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Figura 2: Exemplo de ECG com o padrão de repolarização ventricular.

É importante ressaltar que acurácia diagnóstica é maior quando há a presença de um empastamento ou entalhe na porção descendente na porção terminal do QRS. Quando não encontramos essa alteração em conjunto com a elevação do segmento ST, é apropriado sugerir a presença de “provável repolarização precoce.” Veja com mais detalhes na figura abaixo:

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Figura 3: Alterações na porção final do QRS. Em (1), presença de entalhe. Já em (2), perceba um empastamento final. Na presença dessas alterações, eleva-se a acurácia diagnóstica da repolarização precoce.

Bom, pessoal. Por hoje é só. Esperamos ter contribuído para ajudar a identificar uma alteração eletrocardiográfica relativamente frequente e que comumente causa dúvidas dentro do espectro de diagnósticos diferenciais da elevação do segmento ST.

Até a próxima.

 

Referências:

Circ Arrhythm Electrophysiol. 2014 Jun; 7(3): 392–399.
Biomed Res Int. 2015; 2015: 309260.

Eletrocardiograma Teoria e Prática – Editora Manole – 2011.

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