A monitorização ambulatorial do ritmo pode ser uma ferramenta de vigilância valiosa para a detecção de uma complicação tardia subvalorizada que é o bloqueio atrioventricular avançado após troca valvar aórtica via transcateter. (TARV).
Um estudo realizado na Escola de Medicina da Universidade do Colorado (EUA) avaliou uma série de 158 pacientes que se submeteram ao procedimento, dentre os quais 23 (14,5%) necessitaram de implante de marca-passo definitivo antes da alta. Quatro destes pacientes foram diagnosticados como bloqueio tardio pós TARV sem complicações.
A última experiência desse grupo foi publicada recentemente no JACC e envolveu o seguimento de 150 pacientes sem implante prévio de marca-passo que se submeteram ao TARV com próteses da Edwards e da Medtronic. Estes pacientes foram rotineiramente submetidos ao uso de um monitor de eletrocardiograma, que transmitia os traçados em tempo real.
A equipe médica de plantão contava com um eletrofisiologista que era acionado prontamente nos casos em que se detectava padrões de alerta, como pausas maiores que 5 segundos, frequência cardíaca abaixo de 30 bpm ou acima de 200 bpm, taquicardia de complexos QRS largos ou bloqueios atrioventriculares avançados (Mobitz II ou BAVT).A ocorrência de BAV avançados tardios – aqueles que ocorrem após as primeiras 48h iniciais do implante da valva – foi reportado em 10% dos pacientes monitorados remotamente dentro dos primeiros 30 dias de segmento. O único fator preditor significativamente relevante para o BAV tardio foi a presença de bloqueio de ramo direito no ECG de base (pré-procedimento).
Apesar de o bloqueio de ramo direito ser um excelente preditor de BAV avançado (precoce ou tardio), apresenta alta especificidade (98% e 94%, respectivamente) e baixa sensibilidade (30 e 27%, respectivamente). Isso implica que ainda não é possível indicar o implante profilático de marca-passo permanente em todos os pacientes com BRD que se submetem à TARV, segundo os autores do estudo.
A utilização de dispositivos de monitorização cardíaca em tempo real se mostrou uma excelente ferramenta para auxiliar os pacientes em casos de desfecho adverso tardio pós implantes de TARV. A utilização de dispositivos tem aumentado exponencialmente nos EUA, sendo que o FDA já aprovou 7 deles para uso clínico. O investimento em tecnologias que permitam o paciente a monitorização eletrocardiográfica é altamente promissor.
Referência: Tracking Late AV Block Post-TAVR With Ambulatory ECG Monitoring – Medscape – Jun 05, 2019.