Quais os critérios de sobrecarga atrial direita?

Olá, pessoal. Sejam todos muito bem-vindos a mais um aula do ECGNOW.

O tema de hoje é sobrecarga atrial direita. Vamos lá?

Quando há aumento do átrio direito, a representação eletrocardiográfica da onda P se altera e é possível o diagnóstico de sobrecarga atrial direita (SAD). Os critérios eletrocardiográficos mais importantes são:

• Voltagem da onda P maior ou igual a 2,5 mm em derivações inferiores, com aspecto apiculado – Onda P pulmonale.
• Porção inicial positiva maior ou igual a 1,5mm em V1 – padrão “PLUS minus”.

Figura 1: Presença de onda P Pulmonale: grande voltagem nas derivações inferiores (maior que 2,5mm).

Figura 2: Padrão PLUS minus da onda P em V1 – porção inicial positiva maior que 1,5mm.

São ainda critérios diretos:

• Onda P profundamente negativa ou positiva em V1.
• Desvio do SÂP para direita (+80°) – exceto nas cardiopatias congênitas.
• Índice de Macruz < 1.

Existem dois critérios, que hoje só citaremos, que são indiretos para SAD: o Sinal de Sodi e o de Peñalosa e Tranchesi. (Em breve vamos discutir epônimos com mais detalhes. Aguardem!)

E toda vez que fazemos diagnóstico de SAD, devemos pensar em causas congênitas e adquiridas.

• Congênitas:
  1. Anomalia de Ebstein – “ondas P himalaicas” de Tausing;
  2. Atresia de tricúspide – “ondas P tricuspidale” de Gamboa;
  3. Estenose pulmonar moderada – onda P “gótica”;
  4. Estenose pulmonar grave;
  5. Síndrome de Eisenmenger;
  6. Comunicação ventrículo-atrial;
  7. Tetralogia de Fallot;
• Adquiridas:
  1. Cor pulmonale (Enfisema): onda P “Pulmonale”;
  2. Estenose tricúspide;
  3. Insuficiência tricúspide;
  4. Aumento da Pd2 do ventrículo direito.
  5. Hipertensão pulmonar isolada.

Figura 3.1: ECG de 12 derivações de paciente com atresia de tricúspide. Onda P tricuspidale de Gamboa: grande voltagem em DII, e de V2-V4. Componente negativo profundo em V1.

Figura 3.2 Gamboa ou marmelo é um fruto que tem um formato peculiar que se assemelha com a morfologia da onda P. Daí seu nome.

Muita informação? Talvez não. Basta praticar que aos poucos tudo fica mais claro. Aproveitem para conferir novamente a aula de sobrecarga atrial esquerda (clique aqui), e comparar os conceitos – ele vão se complementar.

Até a próxima, pessoal.

Referências:
1- Eletrocardiograma Teoria e Prática. Andrés Ricardo Pérez Riera e Augusto Uchida. Manole. 2011.
2- ecg.utah.edu/lesson/7
3- www.yumpu.com/en/image/facebook/15175116/28.jpg