O registro do eletrocardiograma (ECG) de repouso segue uma lista de princípios técnicos para que o resultado do exame possa ser bem interpretado. Pular qualquer uma das etapas de preparação adequada do paciente ou da correta execução do exame podem trazer dificuldades de interpretação para o médico analista.
Um dos importantes aspectos relacionados ao registro do traçado é a determinação de amplitude e velocidade. Para a amplitude, padronizou-se uma calibração denominada “N” em que 1mV = 10 mm. Já para a velocidade, o padrão é que o exame seja feito em 25mm/s.
Desse modo, cada unidade de área do traçado (o quadradinho pequeno) tem a altura de 1mm, usado para avaliação da amplitude, e 0,04s (ou 40ms), utilizado para determinação de períodos e intervalos na velocidade de 25mm/s.
Qualquer alteração na amplitude ou velocidade faz com que o traçado apresente características distintas daquelas que normalmente esperaríamos. Por exemplo, uma das alterações mais comuns é o aumento da amplitude (2N = 20mm/mV), que faz com que todas as ondas do traçado tenham o dobro da amplitude de um traçado convencional.
A forma de avaliarmos essa informação no traçado já foi discutida por aqui anteriormente, como já demonstramos na aula Como Analisar um Eletrocardiograma – Parte 1. Para resumirmos e relembrarmos rapidamente, podemos avaliar a amplitude do traçado observando o número que vem expresso à frente da derivação, no cabeçalho ou rodapé do exame ou mesmo na porção lateral do traçado que apresenta um gráfico em torre, sendo a sua altura a quantidade em mililitros que equivalem a um milivolt.
Já a velocidade é comumente expressa no cabeçalho ou rodapé do exame e também pode ser avaliado no gráfico em torre localizado no traçado. A duração da torre de 5 mm ou um “quadradão” (200ms) é a padrão para indicar o valor de 25mm/s.
Vamos ver alguns exemplos para ficar bem claro:
Figura 1: Exemplo de traçado exibindo as escalas utilizadas. Em destaque as seta amarela indicando a amplitude e a seta em vermelho indicando a velocidade do papel. A seta azul indica ambas informações por meio da altura (amplitude) e largura (velocidade)
Figura 2: ECG de repouso registrado em amplitude aumentada (2N). Destaque para a seta laranja que aponta esse dado no registro e para as setas em vermelho que traduzem essa informação no formato de gráfico em torre com o dobro da altura padrão (20mm). Em verde, o registro da velocidade que corresponde à base da torre (5mm).
No caso em específico deste último exemplo, o registro de amplitude aumentada acaba gerando, quando feito de forma inadvertida, a interpretação equivocada de aumento de ondas que sugerem o diagnóstico de sobrecargas de câmaras.
Para terminar, é interessante deixar aqui para você uma representação do papel quadriculado utilizado no registro do ECG e as principais medidas que podem ser extraídas desse registro:
Figura 3: Representação do papel milimetrado utilizado para o registro de ECG e suas escalas de graduação.
Já deu pra perceber que é fundamental que o exame seja efetuado em um papel milimetrado, não é? A impressão do traçado em um papel em branco não permite a análise adequada de intervalos e períodos e impede a elaboração correta do laudo.
Bom, por hoje é isso. Espero que tenham gostado dessa revisão básica dos padrões de registro do ECG. Continuem nos acompanhando por aqui e nas redes sociais.
Até a próxima.