A presença de supradesnivelamento do segmento ST durante o infarto agudo do miocárdio é preditor de pior prognóstico e morbi-mortalidade. O que nem todo mundo sabe é que é possível estimar a extensão do infarto e já inferir, no atendimento inicial, o possível impacto do evento isquêmico na função ventricular.
Vamos comparar esses dois eventos agudos:
Figura 1: ECG de 12 derivações de um homem de 59 anos: supradesnivelamento do segmento ST de parede inferior.
Figura 2: ECG de 12 derivações de um homem de 68 anos: elevação do segmento ST em parede anterior extensa.
E aí? Você saberia dizer qual desses dois eventos é o mais grave?
Para sermos capazes de responder a essa pergunta, é necessário conhecer os critérios para estimativa de extensão do IAM. Um dos critérios que apresentam o maior valor preditivo é a escala de Sclarovsky-Birnbaum:
Tabela 1: Escala de graduação da extensão do infarto agudo – Escala de Sclarovsky-Birnbaum.
Grau 1 | Proeminência da onda T, sem elevação do segmento ST. |
Grau 2 | Elevação do segmento ST sem distorção da porção final do QRS. |
Grau 3 | Elevação do segmento ST de grande magnitude que supera 50% da magnitude da onda R. A porção final do QRS pode ficar distorcida, com o desaparecimento da onda S. |
Grosso modo, quanto maior a amplitude da elevação do segmento ST, maior a gravidade do evento.
Em relação aos ECGs apresentados, vamos explorar com mais detalhes:
Tabela 2: Análise comparativa entre elevações do segmento ST.
Elevação do segmento ST menor que 50% da onda R. IAM grau 2. | |
Elevação do segmento ST maior que 50% da onda R, também chamada de bloqueio de lesão. IAM grau 3. |
Anatomicamente, o grau de elevação do segmento ST corresponde ao grau de acometimento transmural do miocárdio, isto é, quanto maior o supra, mais miocárdio estará acometido por isquemia e, portanto, mais grave é o infarto.
Bom, é isso, pessoal. Muito cuidado ao abordar pacientes com supradesnivelamento do segmento ST é pouco, principalmente os de grandes amplitudes. Fiquem ligados. Até a próxima.