Olá, pessoal. Sejam todos bem-vindos mais uma vez. Há pouco mais de dois meses, publicamos uma aula sobre como definir o ritmo sinusal. O domínio do conteúdo abordado nessa aula é fundamental para a nossa discussão de hoje – vamos falar sobre ritmo ectópico atrial.
Se você bem se lembra, para ser sinusal, o traçado deve exibir ondas P positivas em DI, DII e aVF e, dessa forma, possuir eixo entre -30° e +90°. Caso o traçado exiba ondas P com morfologia distinta da P sinusal, o ritmo é denominado ectópico atrial (REA). Veja este exemplo abaixo:
Figura 1: ECG de 12 derivações com traçado evidenciando ritmo ectópico atrial. Perceba a morfologia negativa da onda P nas derivações DII, DIII e AVF.
A determinação da origem do batimento ectópico atrial pode ser feita avaliando-se as derivações frontais inferiores (DII, DIII e aVF) e as derivações aVR e V6:
- Caso a onda P esteja negativa em DII, DIII e aVF, quer dizer que seu vetor está “fugindo” dos pólos positivos dessas derivações e, portanto, origina-se nas bases dos átrios e vai em direção à sua porção superior.
- Por outro lado, se for positiva em DII, DIII e avF, seu vetor vai ao encontro dos pólos positivos dessas derivações e sua origem seria na porção superior dos átrios.
- Para saber se a origem é átrio direito ou esquerdo, é necessário que se avalie aVR e V6: se a onda P for negativa em aVR e positiva em V6, quer dizer que o impulso elétrico está indo está saindo do átrio direito em direção ao átrio esquerdo. (vetor discordante com aVR e concordante com V6).
- Caso a onda P tenha morfologia positiva em aVR e negativa em V6, o impulso elétrico origina-se no lado esquerdo e se move em direção ao átrio direito. (vetor discordante de V6 e concordante com aVR).
Se quiser relembrar o tema sobre eixo cardíaco e vetores, clique aqui.
Veja mais um exemplo:
Figura 2: ECG de 12 derivações evidenciando ritmo ectópico atrial. A diferença para o ECG anterior é a localização da origem do impulso. Aqui no caso é átrio direito baixo.
E na Figura 1, vocês seria capaz de determinar a origem do ritmo ectópico atrial?
Vale lembrar que se houver três ou mais morfologias de onda P, é necessário avaliar se não se trata de um ritmo ectópico atrial multifocal. Mas esse tema, nós discutiremos na próxima aula.
Ah, e o ritmo da Figura 1 tem origem no átrio esquerdo baixo. Até a próxima, pessoal.