ECG dentro dos limites da normalidade: são todos iguais?

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Pessoal… Já repararam como às vezes alguns traçados apresentam discretas alterações e ainda assim fazem parte do padrão definido como “dentro dos limites da normalidade”? Essa expressão é muito utilizada nos laudos de eletrocardiologia e muitas vezes depende do entendimento do analisador para determinar se algo alterado no traçado é realmente patológico ou se não se trata de variações do ECG normal em adultos.

Variações do normal podem envolver as onda P, QRS e T, sendo que modificações na onda T são consideradas as mais problemáticas de serem interpretadas, pois alterações na repolarização ventricular ocorrem em diversas circunstâncias e a morfologia desta onda pode mudar fisiologicamente em questão de dias, dependendo da idade, ou até mesmo em minutos em condições patológicas

Você pode conferir alguns padrões eletrocardiográficos aceitos como normais no quadro abaixo:

Quadro 1 – Variações do ECG normal em adultos.

 

Ritmo

  • Arritmia sinusal intensa, com batimentos de escape.
  • Perda da arritmia sinusal (normal com o avançar da idade).
  • Extrassístoles supraventriculares e ventriculares.

Onda P

  • Normalmente invertida em aVR.
  • Pode ser invertida em aVL.

Eixo cardíaco

  • Desvio discreto para a direita em pessoas altas.
  • Desvio discreto para a esquerda em pessoas obesas e grávidas.

Complexos QRS

  • Dominância discreta da onda R em V1, dado que não há outra evidência de sobrecarga ventricular esquerda ou infarto posterior
  • A onda R nas derivações precordiais laterais pode ser maior do que 25mm em indivíduos jovens ativos e magros.
  • Bloqueio incompleto do ramo direito (padrão RSR’ , com complexos inferiores a 120ms de duração).
  • Ondas Q septais nas derivações DIII, aVL, V5 e V6.

Segmento ST

  • Elevado nas derivações anteriores após a onda S (segmento ST tipo ascendente).
  • Depressão na gravidez.
  • Depressão inespecífica ascendente.

Onda T

  • Invertida em aVR e frequentemente em V1.
  • Invertida nas derivações V2 e V3 ou mesmo em V4 em negros.
  • Pode inverter-se com a hiperventilação.
  • Apiculada, especialmente se as ondas T são altas.

Onda U

  • Normal nas derivações precordiais anteriores quando a onda T não está achatada.

Adaptado de ECG na prática / John R. Hampton; tradução Augusto Hiroshi Uchida – Rio de Janeiro: Elsevier 2009.

Já deu pra perceber que essas variações da normalidade podem estar, portanto, ligadas ao sexo, etnia, tipo morfológico do indivíduo entre outras características. Além disso, a frequência na qual essas anormalidades são detectadas depende da população estudada. Um exemplo disso é que extrassístoles ventriculares são muito comuns na gravidez. Dessa forma, vale lembrar aqui, pessoal, que após o registro de um ECG, principalmente aqueles de pacientes tidos como saudáveis, devemos ter muita cautela na análise e o mais importante: não devemos causar alarme desnecessário!

Para saber mais sobre variações do normalidade em eletrocardiograma em crianças, não deixe de conferir nossa aula sobre a Tabela de Davignon.

E aí? Está pronto para interpretar nuances do ECG normal? Fique ligado nessas dicas e bons estudos.

Até a próxima, pessoal!

Respostas de 2

  1. Doutor queria saber oq quer dizer características fira dos limites da normalidade no eletrocardiograma do meu filho

    1. Olá, Carina.

      As orientações sobre alterações nos traçados de eletrocardiogramas de pacientes precisam ser contextualizadas com dados clínicos e antecedentes obtidos em avaliação médica.
      Por esse motivo sugiro que avalie sua situação com um médico cardiologista em consulta.

      Agradecemos a sua participação.

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