Olá, turma!
Continuando no embalo das arritmias, hoje vamos falar sobre o flutter atrial.
O flutter atrial é uma arritmia supraventricular cujo mecanismo eletrofisiológico é um circuito em círculo de reentrada que pode atingir todo ou apenas uma parte do átrio direito (AD). Esses circuitos podem ser classificados como macrorrentrada (mais comum) ou microreentrada. Comumente, associa-se a alguma cardiopatia estrutural, como miocardiopatia primária, valvopatia tricúspide ou doença pericárdica e pode ser visto com alguma frequência em pacientes em pós-operatórios de cirurgia cardíaca.
Para a identificação do flutter atrial, devemos observar as seguintes características no ECG:
- Ondas ‘’F’’ atriais com aspecto em ‘’dente de serrote’’ que são mais bem visualizadas em D2, D3, aVF (parede inferior) e V1;
- Frequência cardíaca (FC) atrial (ondas F) entre 250-350bpm;
- Ausência de Platô isoelétrico;
- Condução atrioventricular com FC entre 150-220bpm;
- Geralmente QRS é estreito, salvo quando conduz com aberrância de condução ou tem bloqueio de ramo.
Figura 1: Flutter atrial. O aspecto em “dente de serrote” corresponde à ativação atrial.
A frequência ventricular costuma ser metade ou ¼ da frequência atrial. Isso acontece porque a cada dois ou quatro batimentos atriais (ondas F), é gerado um batimento ventricular, ou seja, um complexo QRS.
Figura 2: ECG de 12 derivações com flutter atrial com condução AV 2:1, ou seja, para cada dois batimentos atriais, haverá um ventricular. Perceba que um dos batimentos atriais encontra-se “dentro” do QRS.
No entanto, poderá haver casos em que essa condução AV se dá de forma irregular e as relações de batimentos atriais e ventriculares deixam de ser fixas. Observe o exemplo abaixo:
Figura 3: Neste ECG, é fácil perceber a irregularidade dos intervalos RR indicando a condução AV variável.
Vale lembrar que parte importante da repercussão clínica desta arritmia correlaciona-se com o grau de resposta ventricular. Isto é, grave comprometimento do débito cardíaco pode ocorrer se a frequência cardíaca for muito baixa (menos de 40 bpm) ou muito alta (acima de 150 bpm). Em razão da rápida frequência cardíaca, também pode ocorrer a diminuição do tempo de enchimento ventricular e da perfusão coronária, resultando possivelmente em angina, insuficiência cardíaca, hipotensão, edema pulmonar e sincope.
OK, pessoal é isso ai! Agora que vocês têm a base, é só acertar todos os diagnósticos eletrocardiográficos de flutter atrial por ai! Até a próxima!