Toda vez que nos deparamos com um eletrocardiograma que exibe uma arritmia, a primeira análise que devemos fazer é saber se ela é supraventricular ou ventricular.
A determinação do local de origem leva em consideração a estrutura de condução do impulso elétrico cardíaco. Vamos relembrar?
Figura 1: Sistema de condução cardíaco, evidenciando a junção entre o nó atrioventricular e o feixe de HIS.
Para nos ajudar nessa definição, vamos ver o que dizem as III Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Análise e Emissão de Laudos Eletrocardiográficos:
1) Arritmia supraventricular: Ritmo que se origina acima da junção entre o nó AV e o feixe de His, e é mantido por estruturas localizadas entre os mesmos. A identificação do local de origem da arritmia será usada sempre que possível. Quando não, será empregado o termo genérico supraventricular.
Veja alguns exemplos abaixo:
Figura 2: Taquicardia supraventricular. Arritmia supraventricular com condução AV regular.
Figura 3: Fibrilação atrial. Arritmia supraventricular com condução AV irregular.
2) Arritmia ventricular: Ritmo de origem abaixo da bifurcação do feixe de His, habitualmente expressa por QRS alargado.
Confira este exemplo
Figura 3: Exemplo de arritmia ventricular – taquicardia ventricular.
Vale lembrar que a duração normal do QRS é de 0,08 a 0,11s e, quanto maior, mais lenta é a condução no ventrículo. Esse alargamento também ocorre quando há distúrbios de condução pelos ramos (direito ou esquerdo) e também em bloqueios divisionais, além de pré-excitação. Por isso, nem sempre podemos diferenciar o local de origem da arritmia somente pela duração do complexo QRS, ou seja, avaliando se ele é estreito ou largo. Em alguns casos, arritmias supraventriculares, portanto, podem apresentar-se com QRS largo também.
Fique ligado nos próximos temas para descobrir mais sobre esse assunto.
Até lá.
Por Marco Antonio Bustamante de Lima.
Revisor: Dr. José Grindler